Uma das questões mais problemáticas enfrentadas pela sociedade atualmente, é a destinação dos resíduos gerados pelo consumo, o que comumente chamamos de lixo. Estatísticas indicam que, em média, uma pessoa gera diariamente cerca de 800 gramas de lixo. Mas para percebermos isto, basta analisarmos a nós mesmos: papéis, alimentos, embalagens, pilhas, pneus e tantos outros exemplos de produtos que consumimos.
O turismo, pela riqueza de sua atividade e movimento, apresenta muitas variáveis que vêm sendo discutidas como forma de proporcionar a melhoria da condição social e econômica, sendo uma das atividades que mais movimenta recursos em termos globais, a nível de comparação, por exemplo, com o agronegócio e armamentos (leia-se a indústria da guerra).
Os impactos ambientais gerados pelo turismo, em que pese toda a sua importância para a economia, encontra de forma cada vez mais contundente, espaço para discussão e debate. O objetivo principal destes estudos, levam a necessidade de partir para a ação, para chegar no resultado de uma equação complexa: a sustentabilidade do turismo.
Cidades que têm no turismo a grande força de sua economia, chegam a triplicar a sua população em épocas de alta temporada. E a produção de lixo, conseqüentemente, aumenta na mesma proporção.
Em relação a ação, sobre este fato, vem justamente do setor hoteleiro um bom exemplo a ser seguido. Trata-se do Programa de Redução de Lixo do Hotel Bühler, localizado na região serrana do Rio de Janeiro. A descrição deste trabalho foi recentemente editada pela editora SENAC, com o título de "Lixo Mínimo - Uma proposta ecológica para hotelaria", tendo como autora Silvia de Souza Costa. O livro, segundo a autora, "trata da necessidade de intensificar as iniciativas em favor da redução e do gerenciamento do lixo, como forma de abrandar o impacto do turismo sobre o meio ambiente". Além disso, a publicação"traz a descrição dos diversos tipos de lixo, as formas adequadas de armazenamento e reaproveitamento de materiais".
O ponto mais importante desta proposta, além dos resultados já alcançados, dizem respeito à mudança de comportamento através do aprendizado, tanto por parte do quadro funcional do hotel, quanto em relação aos seus hóspedes, que se tornam aliados indispensáveis ao sucesso desta ação, já que sem eles o empreendimento não sobreviveria. Detalhes da implantação do projeto são relatados, de forma a tornar perceptível a dificuldade existente em atrelar todos os "atores" a um objetivo comum, sem deixar de contemplar a relação tradicional da atividade turística. Mas demonstra também ser possível a prática da sustentabilidade, quando da aquisição de hábitos, que vão desde o reaproveitamento de equipamentos, a descompostagem, a parceria com empresas recicladoras e a mudança de comportamento na hora da compra.
É importante para todos nós pararmos e refletirmos sobre a questão do lixo, para chegarmos ao entendimento de que, afinal, somos responsáveis pelos resíduos que geramos. E nada melhor do que fazermos a nossa parte primeiro, para cobrarmos atitudes depois, do vizinho e do poder público.
Fonte: Alexandre Braun de Vargas
O Caminho da Reciclagem
O País está repleto de exemplos onde tanto o poder público quanto a iniciativa privada demonstram que coleta seletiva e reciclarem são alternativas viáveis que resultam em ganhos sociais, econômicos e ambientais.
Exemplos:
Uma Parceria para Incentivar a Reciclagem, Jundiaí-SP
Coletar pelo menos duas mil toneladas de material reciclado por mês e ainda transformar o espaço Armazém da Natureza em um modelo nacional de programa voltado para a reciclagem do lixo. Esta é a proposta da Prefeitura de Jundiaí e da empresa 14 de Dezembro que, firmaram uma parceria para reforçar a coleta de material reciclável daquele município do interior paulista.
Ainda longe da meta, atualmente o Armazém da Natureza, localizado no Distrito Industrial II, recebe cerca de 600 toneladas por mês de material reciclável. Desse total, 10% correspondem a embalagens longa vida; 7% são garrafas PET; 17% correspondem a papelão; 0,5% são latinhas de alumínio e 1% papéis mistos.
Por enquanto o projeto ainda é totalmente mantido pela Prefeitura Municipal, essa parceria prevê, num prazo de 4 anos, uma redução gradual da destinação de recursos financeiros públicos, até que o Armazém consiga atingir seus objetivos com autosuficiência.
Faz parte do projeto, atingir duas mil toneladas por mês, a implantação da coleta seletiva duas vezes por semana. Além disso, a meta de ampliar os postos de entrega voluntária, chamados de Borboletões, hoje instalados em cinqüenta pontos da cidade.
Como primeiras medidas para a transformação do espaço, a 14 de Dezembro iniciou a construção de uma balança com capacidade para mil toneladas, a implantação de uma esteira para a seleção de materiais e a aquisição de uma máquina de briquetagem, importada da Alemanha. Foi iniciado, também, o plantio de árvores e a implantação de melhorias que personalizem o Armazém como um espaço voltado para o bem-estar.
Em seu estágio inicial de operações, a 14 de Dezembro regularizou a situação trabalhista de todos os funcionários envolvidos no projeto. Também teve início no local a construção de um refeitório e de um novo banheiro, que irão atender às necessidades dos funcionários.
A parceria com a Prefeitura inclui uma intensa campanha de conscientização que será levada para empresas, escolas e demais órgãos públicos. A campanha pretende mostrar a importância da coleta seletiva e da preservação do meio ambiente.
Para saber mais sobre o Armazém Natureza: tel: (11) 7392 6726
Reciclagem e Preservação, Klabin - Piracicaba-SP
As fábricas da Klabin Embalagens já são conhecidas por figurarem entre as maiores recicladoras de papel do País. Suas três unidades empregam pessoas e geram outros milhares de postos de trabalho indiretos. Porém, há ainda um outro da empresa um pouco menos conhecido, mas que revela um alto grau de com prometimento com o meio ambiente: o projeto de preservação da vida animal que está ajudando a salvar diversos exemplares da fauna brasileira.
Apenas em sua unidade de Piracicaba a Klabin produz mensalmente cerca de 8.500 toneladas de papel utilizando aparas de papelão e embalagens longa vida recicladas. Outras duas unidades recicladoras do Grupo Klabin estão situadas nos Estados de Pernambuco e Rio de Janeiro. Com essa matéria-prima, a Unidade Piracicaba produz papel miolo test liner.
Os supervisores de produção da empresa, explicam que a matéria-prima reciclável é comprada de aparistas em todo o País, principalmente no Estado de São Paulo. Assim, são adquiridas 11.400 toneladas de aparas e mais 300 toneladas de embalagens longa vida.
No caso da embalagem longa vida, a Klabin aproveita apenas a celulose, que corresponde a 75% do conjunto reciclado. O restante, 20% de plástico e 5% de alumínio, é prensado, enfardado e remetido para outras empresas recicladoras fabricantes de brinquedos, vasos, sinalizadores de rodovias, juntas para estrutura em construção civil, carretéis para fios, etc. No processo de desagregação das embalagens longa vida, a Klabin utiliza um equipamento Hidrapulper HI-Con para alta consistência (15%), com capacidade para decompor 50 toneladas por dia. Os supervisores esclarecem que a fibra da embalagem longa vida, por ser virgem, é de melhor qualidade e merece um tratamento adequado.
Até chegar ao produto final, as aparas e embalagens passam por um sofisticado processo de trasnformação. No início da desagregação, o liquid-Cyclone retira as impurezas pesadas como areia grossa e metais. Em seguida o mini-screen tira os rejeitos leves, como plásticos e grânulos pequenos. Na etapa segiunte, outras três baterias de ultra-clone fazem a depuração fina. Na etapa final, a massa recebe os aditivos como amido, cola e sulfato de alumínio para poder ser transformada em folha de papel.
Em seu trabalho de educação ambiental, a Klabin conta com um Centro de Interpretação da Natureza, no município de Monte Alegre, no Paraná, que atrai visitantes brasileiros e do exterior. O Centro conta com criadouros para reprodução de espécies da fauna regional ameaçada de extinção, que depois são soltas nas florestas da Klabin. Por meio dos trabalhos desenvolvidos nesta área, com apoio do IBAMA, já foram identificadas 322 espécies de aves. Mamíferos como o tamanduá-bandeira, o lobo-guará, a lontra e a onça-parda, podem ser encontrados livres dos predadores nas florestas da Klabin. Com o programa de preservação da fauna, já são encontrados em grande número os macacos-prego, bugios, capivaras, catetos, queixadas, três espécies de veado, felinos de menor porte como a jaguatirica, o gato-do-mato e pequenos mamíferos, como a cotia e o quati, entre outras espécies, num total de cinqüenta mamíferos até agora.
Para saber mais: Klabin - Piracicaba, tel: (19) 421 4211
A Aposta na Educação, Juiz de for a-MG
Educação. Esta é a principal ferramenta que o município mineiro de Juiz de for a adotou em sua estratégia para aumentar o volume da coleta seletiva de lixo que hoje abrange 43% da cidade. Para tanto, diversos projetos estão sendo implemantados na área de educação ambiental, tendo como público, não só as escolas mas a população em geral.
O programa de educação ambiental nas escolas está sendo implantado por meio de palestras e distribuição de cartilhas. Já a população em geral tem recebido informações e incentivo para a coleta seletiva através de diversos meios como, por exemplo, a distribuição de um folheto didático patrocinado pela Tetra Pak ou ainda um programa que prevê a troca de lixo por leite.
Se por um lado a municipalidade vem tomando várias ações para aumentar a coleta seletiva, por outro a cidade já conta com uma bem montada estrutura física para o processamento dos materiais. A coqueluche do sistema, a usina de materiais recicláveis, encontra-se instalada em uma área de 77 hectares, localizada no bairro Nova Benfica, na zona norte da cidade. Contando com 30 funcionários, a unidade recebe uma média de 12,5 toneladas de lixo por dia, o que corresponde a apenas 5% do lixo domiciliar do município. Ou seja, há um grande potencial a ser explorado. E a usina está preparada para tanto, uma vez que tem capacidade para processar 160 toneladas por dia, em dois módulos de seleção.
A usina dispõe de silo para recebimento e armazenamento do lixo, com capacidade para 160 ton; ponte rolante com pólipo, para retirar o lixo do silo e alimentar a linha de produção; esteira de alimentação e dosagem; peneira de pré-separação; peneira rotativa onde é feita a separação da parte fina do lixo; esteira de separação ou seleção, onde é feita a separação do material reciclável; prensa enfardadeira; unidade administrativa e de apoio (vestiários, sanitários, refeitórios, etc.) e uma balança rodoviária, utilizada para o controle do material que chega e que sai da usina.
O sistema de coleta seletiva adotado conta com trinta postos de entrega voluntária espalhados em pontos estratégicos da cidade. O morador entrega o material separado previamente em lixo seco e úmido, sendo este último entregue à coleta regular enquanto que o seco é transportado para a usina de reciclagem onde é separado, enfardado e comercializado por meio de leilões. Esse material inclui vidro, metal, plástico e papelão, e ainda as embalagens longa vida.
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